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«As Ligações Perigosas» — escreveu Roger Vailland — ainda não foram colocadas no seu verdadeiro lugar, que vem a ser o do primeiro, em data, e um dos primeiros, em qualidade, entre os romances realistas, no sentido em que Flaubert entendeu realismo. É em função duma técnica literária análoga que Merteuil ou Valmont são tão reais como Madame Bovary ou Homais.
Estas observações, inteiramente justas, caracterizam o que mais distingue esta obra-prima do romance mundial, precursora de génio do grande realismo do século XIX. O facto, por tão notável, não passou despercebido a alguns contemporâneos, como é o caso de Grimm, na sua obra Correspondance littéraire, philosophique et critique, publicada em 1880, mas escrita em 1782. As cartas, com efeito, começam por não ser do estilo de Lados, mas o das personagens diversas que as escreveram. Eis o primeiro sinal dum novo critério de objectividade na literatura de ficção. Depois, os heróis do romance são criações que concorrem com o registo baptismal: pessoas reais, identificáveis na sua época. Trata-se, deve acrescentar-se, de personagens - tipo, quer dizer indivíduos «característicos», e aqui temos outro importantíssimo elemento a destacar, entre os que conferem um lugar inteiramente à parte a esta obra sempre jovem, apesar de decorridos quase dois séculos sobre a primeira edição.
O prefácio de André Malraux que esta 2ª edição insere, sendo uma bela meditação, rica de sugestões e contrastes, enriquece a tradução portuguesa da obra-prima que é As Ligações Perigosas.
Detalhes do livro:
Editora: Portugália; Tradução: João Pedro de Andrade e Alfredo Amorim; Colecção: Os Romances Universais; med.: 13,8 x 20,2 cm; 437 pg.