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O Grito da Coruja, agora editado em português, é o último romance de um dos escritores mais lidos do nosso tempo: Hervé Bazin, e marca a realização de um velho projecto — uma crónica familiar, o Ciclo dos Rézeau — de que os dois primeiros livros, De Víbora na Mão e A Morte do Cavalinho, são hoje célebres.
Jean — o adolescente que desmistificara a mãe, Folcoche, mulher seca, feia, mesquinha, que ele sonhara matar, mas que no fundo admira — amadureceu, casou como quase toda a gente e, como quase toda a gente, teve filhos. Perdemo-lo de vista, diluiu-se no quotidiano das pessoas sem história.
Vinte e cinco anos mais tarde, viúvo, casado em segundas núpcias com Bertille, cuja filha, Salomé, educa juntamente com os seus, vamos encontrá-lo de novo em O Grito da Coruja. É então que a «Senhora Mãe», Folcoche, que não voltara a ver, aparece subitamente. Traída, despojada de parte dos seus bens por Marcel, o filho preferido, vem propor a paz. Jean, que se libertara a custo dos fantasmas da sua juventude, hesita; por fim aceita esquecer o passado, influenciado pela mulher e pelos filhos, convencidos de que podem converter a sua temível avó.
Mas Folcoche não mudara; em breve semeia desconfiança e discórdia onde havia harmonia e confiança. Habituada aos processos do ódio, as regras do amor são-lhe inteiramente estranhas.
Quando me enterrarem, talvez haja rostos molhados... se chover! Enganava-se, a velha coruja, ao lançar o seu grito desesperado. É a sua discreta confissão que torna este livro o mais humano, o mais trágico dos romances de Hervé Bazin. Passando do humor corrosivo à nostalgia, do pitoresco ao poético, O Grito da Coruja, pela sua riqueza humana, pelo seu excepcional poder de evocação, tem um lugar de relevo entre as obras-primas do romance contemporâneo.
Detalhes do livro:
Editora: Bertrand, 1973; Tradução: António Neves-Pedro; Colecção: Autores Universais; med.: 15,2 x 20 cm; 292 pg.
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