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Descartes, entre outros privilégios, teve o de suscitar paixões e lendas acerca da sua vida. E os biógrafos, desde muito cedo, contaram a vida deste filósofo e sábio que dizia: «eu avanço mascarado».
Contudo, foi há mais de três séculos que o seu último biógrafo, Adrien Baillet, publicou uma «Vida de Descartes» (1691). Uma biografia que é, ainda hoje, uma referência.
Só a professora honorária da Sorbonne, Geneviève Rodis-Lewis, a quem os trabalhos sobre Descartes deram o Grande Prémio da Academia Francesa, poderia retomar Baillet. O conhecimento exaustivo dos textos e das fontes que Geneviève possui, permitiu-lhe não só integrar no seu respectivo lugar documentos descobertos recentemente mas, igualmente, produzir inéditos. É uma análise inteiramente renovada que se exerce sobre Descartes, as circunstâncias do seu nascimento e da sua formação no Colégio La Flèche, os famosos «macacos» de 1619 e o período da crise fecunda de que estes são o centro, a amizade com Marsenne, a «querela do ateísmo» e a «metafísica de 1629», as polémicas com os teólogos calvinistas da Holanda, o seu encontro com Elizabeth da Boémia e com a rainha Cristina da Suécia, e a sua morte em Estocolmo.
Todas as informações e precisões que alteram sensivelmente o nosso conhecimento da complexa arquitectura do Discurso e das Meditações Metafísicas. E lê-se como um grande romance.