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Na década de sessenta do século XX, eram poucos os jovens que escapavam à crueldade da guerra colonial que se travava em teatros tão distantes. A alternativa era igualmente cruel: a deserção e fuga para destinos incertos. Isso ou a prisão, porque a desobediência às ordens de Sua Excelência o Presidente do Conselho não podia ficar impune.
Duarte é o jovem filho dos caseiros que com desvelo cultivavam as terras e cuidavam da casa quase apalaçada numa aldeia de Trás-os-Montes, cujos donos, a viverem em Lisboa, oposicionistas ao regime, primavam pela amizade ao rapaz e à família. Sem distinção de classes sociais, viviam convencidos que o regime "está por um fio"… Influenciado pelo que escutou aos amigos de Lisboa, o rapaz opta pela deserção e fuga para França, onde encontra um outro mundo; aberto, livre, moderno e rico… tão diferente daquele que deixara.
E a vida, após o choque de Champigny, onde a lama é o chão dos emigrantes portugueses, vai sorrir-lhe. Educado, inteligente, estudioso e perseverante, é apadrinhado por um grupo de intelectuais progressistas cuja idade não lhes roubara o sonho de liberdade para todos os povos oprimidos do Mundo, a começar pelo Portugal amordaçado donde lhes veio, como uma dádiva, a fugir da guerra, o jovem português a quem viam como herói e quase um neto. Madame Stela e Monsieur Lavigne pertencem a esse grupo. Ela, coleccionadora de obras de arte e amante de pintura, o velho amigo, o mais respeitado e prestigiado antiquário de Paris. A aristocrata sofre subitamente o choque de ver roubado o seu quadro mais precioso. Desconfia de todos…
A pensar no passado, e ver o que agora é a sua vida, Duarte não tem dúvidas: "Foram os livros que me salvaram!"
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