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«Tal como em A Morte em Veneza, o protagonista de A Montanha Mágica empreende uma viagem que acaba por o levar para fora do espaço e do tempo da existência burguesa. Não por acaso, contrariando planos anteriores em que o romance abria com a explanação da biografia de Hans, depois remetida para o segundo capítulo, o primeiro capítulo centra-se na viagem e no primeiro momento de confronto com o mundo fechado do sanatório, o início do longo percurso de iniciação que irá constituir o fulcro da narrativa. O herói do romance, como surge repetidamente sublinhado, nada tem de excepcional, pelo contrário, a própria mediania da personagem constitui uma forma de acentuar de que modo ela representa paradigmaticamente a normalidade social. O fulcro do romance, está, justamente, no facto de essa normalidade ser totalmente posta à prova e problematizada nos seus fundamentos pelo confronto com o microcosmo do sanatório.»
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(Luis Santos / LuisXXI)