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O Riso da Mulher de Trácia parte da metáfora de Platão sobre a queda de Tales de Mileto num poço quando observava as estrelas – queda sublinhada pelo riso irónico de uma serva que dizia não valer a pena conhecer as coisas do Céu se se era incapaz de olhar para diante dos pés. Este riso, que perseguiu os teóricos ao longo do tempo, simboliza a divisão entre o mundo da vida e o mundo do pensamento, num quadro, dir-se-ía, de crónica incompreensão mútua.
Blumenberg procede a uma análise exaustiva desta metáfora, desde a posição de Platão até à de Heidegger, passando por Santo Agostinho, Bacon, Montaigne, Voltaire e Nietzsche.
Trata-se de uma brilhante abordagem das principais formas de encarar a produção de conhecimentos ao longo do tempo, onde não falta uma referência detalhada ao terramoto de Lisboa de 1755 e às suas consequências na Filosofia das Luzes. Na opinião de Blumenberg, o terramoto teria funcionado como uma espécie de “poço”, ou seja, de chamada à realidade do pensamento teórico da época.
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(Luis Santos / LuisXXI)