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Estes ensaios viajam entre a crítica da tradição hermética, os alquimistas a Guénon, a exploração das interpretações mais incontroladas de Dante, Leopardi, ou Joyce, as confissões pessoais do autor como leitor dos intérpretes de O Nome da Rosa e de O Pêndulo de Foucault, até às situações limite em que, perante duas Giocondas, se trata de estabelecer qual é a autêntica. Os ensaios discutem os limites da interpretação, os casos de excessivo dispêndio de energia interpretativa, e os critérios de uma economia da literatura.
Ataque polémico a muitas (embora não todas) práticas de "desconstrução", o livro poderá ser entendido como uma inversão de marcha em relação a Obra Aberta em que, há trinta anos, se privilegiava provocatória e pioneiramente a recepção e a interpretação. Mas Obra Aberta já insistia numa dialética entre a iniciativa do intérprete e a fidelidade à obra, enquanto hoje se dá um crédito excessivo à liberdade incontrolada do intérprete. Trata-se, portanto, de restabelecer uma tensão entre a intenção do leitor e a intenção da obra (enquanto a intenção do autor permanece fantasmática e inatingível).
O princípio da semiose ilimitada (objecto das investigações de Eco do Tratado de Semiótica Geral a Lector in Fabula e Semiótica e Filosofia da Linguagem) não é a celebração de uma deriva incontrolável do sentido, mas sim condições de acordos, embora provisórios e falíveis, por parte de uma comunidade de intérpretes que respeitam a coerência semântica de uma obra. Se as interpretações de um texto podem ser infinitas, isto não significa que todas sejam "boas". E se não se pode decidir quais são as "boas", contudo é possível dizer quais são as inaceitáveis.
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(Luis Santos / LuisXXI)