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A história descreve o drama de uma jovem alemã que vivia numa pequena povoação do sul da Alemanha, durante a ocupação americana do país após a II Guerra Mundial.
Vítima de abuso sexual por quatro soldados americanos, a jovem Karin contou com o apoio incondicional do namorado, da mãe e do padre, bem como do advogado que a defendeu a pedido do seu padrasto. Contudo, ela vai-se abaixo após a exposição pública a que é obrigada a sujeitar-se pelo padrasto, o burgomestre da povoação que se obstina, acima de tudo, em conseguir a condenação à morte dos culpados, como previsto então na lei americana.
A diferença de mentalidades está bem patente no enredo, mormente porque os alemães foram obrigados a trabalhar duramente após o fim da guerra, tarefa a que se dedicavam afincadamente como se nada de especial tivesse ocorrido durante a guerra. A convivência entre ocupantes e vencidos era contudo tranquila, até que a violação trouxe à superfície as rivalidades camufladas durante anos.
Karin, ao desmaiar na última sessão, o que não permitiu esclarecer todas as dúvidas sobre a ocorrência, viu-se confrontada com o rancor do padrasto, que não lhe perdoou o que considerava fraqueza da sua parte. Ao aperceber-se que a mãe se deixava dominar pelo medo face ao feitio irascível do marido, a jovem, que tinha combinado fugir com o namorado, acaba por sair de casa profundamente abalada e suicida-se na represa perto da povoação.
A injustiça da condenação da jovem pela povoação, onde o julgamento decorre debaixo de um tempo muito quente de verão que faz salientar o drama, é suavizada pela atitude humana do advogado de acusação, que tudo fez para que Karin não tivesse de ficar exposta à humilhação pública. Uma atitude que suaviza a sensação de impotência que domina o leitor no final do romance, perante a face negra humana que constantemente nos impressiona.
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(Luis Santos / LuisXXI)