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Bella era, de facto, uma mulher cheia de sorte! Tinha agora uma casa encantadora com jardim, numa cidade tranquila, em Kent, um emprego novo que não ameaçava engoli-la na voragem stressante dos dias; estava a dois passos da sua melhor amiga e, acima de tudo, mais protegida das memórias de tempos remotos e de Patrick. Além disso, havia a questão das vinte e sete caixas que continuavam espalhadas pela casa à espera que ela, finalmente, se decidisse a desempacotá-las; a humidade que alastrava pelas paredes, em pequenas mas persistentes colónias de fungos; a vegetação desgrenhada do jardim que só cederia a golpes de catana e a uns quantos barris de herbicida, enfim, toda uma série de itens a requerer a sua atenção e energia. Não, não lhe faltaria com que ocupar o tempo, tanto mais que as perspectivas em relação a algum sexo descomprometido não eram de todo remotas. Mas depois de tanto tempo já começava a acreditar que tinha voltado a ser virgem. Sexo estava O.K., seria até bem-vindo, mas nada daquele sentimento que tantas vezes teimava em vir associado a ele e que nos deixa num trágico estado de cegueira e vulnerabilidade a lágrimas, chocolates e bolachas. Desse Bella já tinha tido a sua conta e nem sequer queria ouvir pronunciar o nome, a palavra começada por "A", terminada em "R" e com as letras "mo" no meio. Um romance de estreia que alia com inteligência e sensibilidade o humor e a reflexão profunda sobre os afectos. Subtil e perspicaz na observação das sinuosidades e subterfúgios do coração humano, traça-nos um retrato incisivo e surpreendentemente real da relação amorosa, com o tempero agridoce da ironia que torna a sua leitura ao mesmo tempo hilariante e comovente, imprevisível e cativante.