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Tínhamos os corações partidos. Era o fim. O fim do mundo.
Estas palavras foram escritas por Clara Kramer quando tinha 15 anos, e nelas está contida a agonia de um povo.
No dia 21 de julho de 1942, os Nazis conquistam a cidade polaca de Zolkiew e dão início à deportação e massacre de milhares de judeus. Clara e a sua família conseguem esconder-se num bunker apressadamente escavado à mão. A viver por cima deles e a protegê-los está a família Beck. Embora se diga antissemita, o Sr. Beck arrisca diariamente a vida pelas pessoas que acolheu. É um dos rostos secretos da resistência à barbárie.
No bunker, as condições de vida são inumanas, os relatos da morte de familiares e amigos são diários, o terror é constante. Mas os laços de amor e solidariedade que se estabelecem entre todos dão conta da grandeza que faz pulsar o coração humano. Clara escreve para sobreviver, para testemunhar, para se impedir de esquecer que a vida é, acima de tudo, um milagre.
Dos cinco mil judeus que habitavam Zolkiew antes da guerra, sobreviveram menos de sessenta.
Uma história tão tocante quanto O Diário de Anne Frank e A Lista de Schindler. É assim que a imprensa internacional define este livro baseado na vida extraordinária de Clara Kramer. O seu diário está exposto no Museu Memorial do Holocausto, em Washington. O bunker ainda existe.