Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
A bordo de uma nave espacial turística, no início de mais um cruzeiro maravilhoso, Pat Harris contempla os rostos dos turistas que partiam, em visita a um mundo que, outrora, nos anos longínquos (1964 ou 1965?), não fora senão o símbolo de lugares eternamente inacessíveis.
Entre as pessoas que se instalavam a bordo, Pat Harris não reconhecia nenhum rosto familiar. Na maior parte, tratava-se de turistas típicos, pessoas de uma certa idade, que faziam a viagem maravilhosa da sua vida... Somente quatro ou cinco passageiros não haviam atingido ainda os trinta anos. Eram, provávelmente, técnicos em férias, que prestavam serviço numa das diversas bases lunares.
E Pat dá-se conta de um facto perturbador. Descobrira que, de um modo geral, as pessoas que já não eram novas vinham da Terra, ao passo que as outras tinham a sua residência na própria Lua. Mas, para todos eles, o Mar da Sede constituía uma novidade.
Pelas escotilhas do Selene, avistava-se a sua superfície poeirenta e cinzenta, que se alargava, ao que parecia, infinita até às estrelas. Por cima dela, afigurava-se, suspenso, o crescente da Terra - no seu declínio - num ponto do céu que era sempre o mesmo e que se mantinha havia vários anos. A luz brilhante, azul e verde ao mesmo tempo, do planeta-mãe, desdobrava sobre esta paisagem estranha a sua radiação fria - e mesmo muito fria, na verdade: talvez duzentos graus abaixo de zero, à superfície.
É neste estranho ambiente, de uma precisão de desenho invulgar, que se inicia o espantoso romance de Arthur C. Clarke.