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O Intérprete traz-nos um relato impressionante, mas cheio de esperança, feito por um dos homens que mais contribuiu para que inúmeros jornalistas pudessem trazer ao mundo, em segurança, as terríveis histórias do genocídio no Darfur.
Daoud Hari pertence à tribo Zaghawa, cujo conflito com os nómadas árabes existia desde a sua infância, por estes insistirem em criar o gado numa terra que não lhes pertencia. Sabendo disso, o governo em Khartoum encorajou os nómadas, assim como as milícias armadas árabes, Janjaweed, a matar os africanos não árabes e a destruir as suas casas. Homens, mulheres e crianças foram mortos. Líderes de aldeia foram queimados vivos ou torturados até à morte à frente dos amigos e dos filhos. Crianças foram atiradas para as fogueiras. Até ao momento já morreram mais de dois milhões de pessoas neste conflito.
Depois de um terrível ataque à sua aldeia, Hari conseguiu escapar milagrosamente para um campo de refugiados no Chade, a partir de onde passou a oferecer os seus serviços como intérprete junto de membros de ONGs e jornalistas. Regressou várias vezes às zonas de conflito e assistiu a indescritíveis tragédias como foi o caso de um terrível massacre onde alinharam 81 jovens e os esfaquearam até à morte com catanas. O cheiro que pairava no ar deixou os jornalistas da BBC que iam consigo tão doentes que tiveram de ser internados numa clínica no Chade, durante três dias, para recuperarem daquele cenário de horror que mais lembrava o inferno.