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Livro em bom estado.
Esgotado Comercialmente, não reposto em Portugal
Silo, genial e visionário, fundador da Comunidade Para o Desenvolvimento do Homem, instituição espalhada por mais de quarenta países, é o autor deste magnífico e surpreendente livro.
Escrito em prosa poética, é uma dessas obras excepcionais que transcendem a sua época pelo fato mesmo de abordar o sentido da vida de forma direta e profunda.
"Tu és o sentido do mundo, e quando aclaras o teu sentido, dominas a terra.
"A pergunta
1. Eis a minha pergunta: à medida que a vida passa, cresce em ti a felicidade, ou o sofrimento? Não peças que defina estas palavras. Responde de acordo com o que sentes...
2. Ainda que sábio e poderoso, se não crescem em ti e em quem te rodeia a felicidade e a liberdade, rejeitarei o teu exemplo.
3. Aceita, em troca, a minha proposta: segue o modelo daquilo que nasce, não o do que caminha para a morte. Salta por cima do teu sofrimento e então, não crescerá o abismo, mas sim a vida que há em ti.
4. Não há paixão, nem ideia, nem acto humano, que se desentenda do abismo. Portanto, tratemos do único que merece ser tratado: o abismo e aquilo que o ultrapassa.
A realidade
1. Que queres tu? Se dizes que o mais importante é o amor ou a segurança, então falas de estados de ânimo, de algo que não vês.
2. Se dizes que o mais importante é o dinheiro, o poder, o reconhecimento social, a causa justa, Deus ou a eternidade, então falas de algo que vês ou imaginas.
3. Pôr-nos-emos de acordo, quando disseres: "quero a causa justa porque rejeito o sofrimento!"... "quero isto porque me tranquiliza; não quero aquilo porque me desconcerta ou me violenta".
4. Será então que toda a aspiração, toda a intenção, toda a afirmação e toda a negação, têm por centro o teu estado de ânimo? Poderias replicar que tanto triste como alegre, um número é sempre o mesmo e que o sol é o sol, ainda que não exista o ser humano.
5. Dir-te-ei que um número é distinto de si mesmo, segundo tenhas que dar ou receber, e que o sol ocupa mais lugar nos seres humanos do que nos céus.
6. O fulgor de um filamento aceso ou de uma estrela, dança para o teu olho. Assim, não há luz sem olho, e se outro fosse o olho, distinto efeito teria esse fulgor.
7. Portanto, que o teu coração afirme: "amo esse fulgor que vejo!", mas que nunca diga: "nem o sol, nem o filamento, nem a estrela, têm a ver comigo".
8. De que realidade falas ao peixe e ao réptil, ao grande animal, ao insecto pequeno, à ave, à criança, ao ancião, ao que dorme e ao que frio ou febril, vela no seu cálculo ou no seu espanto?
9. Digo que o eco do real murmura ou retumba segundo o ouvido que percebe; que se outro fosse o ouvido, outra melodia teria o que chamas "realidade".
10. Portanto, que o teu coração afirme: "Quero a realidade que construo!"
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