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"O chefe de Shoji Morimoto dizia-lhe coisas horríveis: "É-me indiferente se estás aqui ou não." Ou: "Não consigo perceber se estás vivo ou morto." Shoji saiu da empresa e tornou-se freelancer. Mas mesmo por conta própria, e apesar do trabalho ser extremamente aborrecido, sentia-se stressado.
Foi nesse contexto que publicou um tweet que viria a tornar-se famoso:
@morimotoshoji
Estou a iniciar um serviço chamado Alugue Um Faz-Nada.
Serve para qualquer situação em que tudo o que se quer é que uma pessoa esteja presente.
Nessa altura, Morimoto tinha cerca de 300 seguidores. Passado um ano, eram mais de cem mil. Hoje aproximam-se do meio milhão. Entre um momento e o outro, foi contratado mais de quatro mil vezes. Para partilhar um gelado; para acenar a uma pessoa à chegada ao aeroporto; para ver um escritor bloqueado a trabalhar; para acompanhar uma mulher a entregar os papéis do divórcio.
Em troca do pagamento das despesas, o autor escolhe quais pedidos atender. Nunca trabalha, não faz tarefas. Mas vai, ouve, está lá.
No livro narra esses encontros, fala de si e de um Japão que parece tão distante mas está afinal tão próximo - porque o medo da solidão e a absoluta necessidade de companhia são valores universais.
Pessoa de Aluguer que Não Faz Nada é um livro único, profundamente humano, em igual medida triste e reconfortante. Descobrimos no autor uma qualidade rara e transformadora: a capacidade de aceitar todas as pessoas como elas realmente são."
(Fonte: bertrand.pt)