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Quando Freud disse: «O céu deixamo-lo nós aos anjos e aos pardais», não estava a produzir uma chalaça ou um insulto, mas apenas a manifestar, muito deliberadamente, que o seu centro de interesse e de pesquisa não tinha - nem queria ter - qualquer coincidência com uma explicação do homem por fora do homem, quando não contra o homem.
O céu do teólogo, ou o do naturalista, era, para Freud, a alienação a evitar a todo o transe. Na verdade, nem o homem se explica pelo anjo, nem pelo pardal… Só uma «descida ao abismo», que o mesmo é dizer ao subconsciente e ao inconsciente humanos, poderá fazer, um dia, ascender o homem ao céu da desalienação, o céu mais terra que se possa conceber…
Marcuse, o filósofo, medita, como ninguém, sobre Freud e o seu gigantesco empreendimento: o lançar das bases e da prática da psicanálise. Freud e a Psicanálise, um livro a ler e a reter!