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O Nome
Por uma manhã além do nunca
passaram as corças rente ao mar
para ouvir a voz de Deus. Sabiam
não mais que a dor de não saber
a origem da luz, a origem do pó, a origem do fogo.
Depois das corças, depois da vertigem,
vieram as pombas, os chacais e o vento do deserto
e com eles a queixa solar dos laranjais.
E chegou o sul. E chegou o sempre.
E sempre que chegava alguma coisa, alguma luz,
acontecia um tempo e outro tempo
no tempo que houve a haver. E houve vento.
E o vento empurrou o que há-de vir
cobrindo-o de espera e de esperança.
E foi-se o vento. E ficou o sempre
para sempre. E o sopro. E a semente.
E o som que vem sem fúria. Docemente.
O nome incandescente da ternura.
O nome. Simplesmente.
- Joaquim Pessoa, Nomes