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É de 1887 a publicação de um dos mais belos e importantes livros de poesia em língua portuguesa. No ano anterior, 1886, morria, aos 31 anos, o seu autor, vítima de tuberculose e da maior incompreensão e desdém dos seus pares.
Cesário Verde, o homem que viu poesia na sujidade das ruas, no corpo doente da engomadeira, na azáfama dos trabalhadores, revolucionou o cânone e impôs uma nova forma de olhar o real, de o descrever e sentir. Entre a cidade e o campo, o caos e a liberdade, o idílio e a realidade, emerge em Cesário uma nova sensibilidade, transgressora, que privilegia os sentidos e as impressões do quotidiano em detrimento de um sentimentalismo exacerbado que sentia já distante, imposição de uma consciência social preconizadora de um final de século turbulento.
Chegaria tarde demais para Cesário o reconhecimento do seu génio e do seu papel determinante na história da poesia portuguesa. Mas não seria tarde demais para quem, graças ao trabalho e dedicação do seu amigo Sousa Pinto, pôde ler os inigualáveis poemas de um dos maiores poetas de língua portuguesa e compreender o alcance da modernidade e inventividade dos versos daquele a quem Fernando Pessoa chamaria «mestre».
1.ª reimpressão. 2024
148 págs.
19 x 12,5 cm