Ha raposas no parque

“Há Raposas no Parque" é um livro parcialmente biográfico, nascido da experiência de vida de uma Portuguesa que vai viver para o Reino Unido.

Adoptando uma escrita diarista, a obra segue o fio dos dias — as dificuldades, o esforço de adaptação, de compreensão de outra cultura — e contrapõe permanentemente a cultura deixada e a cultura encontrada, desfazendo alguns dos mitos da cultura inglesa.

Nas crónicas reflecte-se acerca do processo de se tornar mãe num país estrangeiro, dar à luz num hospital londrino, criar um filho sem o apoio de uma família alargada, apenas com o recurso aos meios comunitários e a baby-sitters, abrindo, aqui, uma janela sobre o mundo da imigração londrina.

Para além do relato do quotidiano, a obra faz uma viagem por aspectos históricos do país de acolhimento: detém-se em vultos femininos da literatura e história dos direitos das mulheres no Reino Unido; aspectos da educação, demografia, arquitectura, sociologia, acontecimentos políticos e, sobretudo, no contraste económico que o Reino Unido registou nos últimos anos — em 2007 o país estava na recta final de um ciclo de expansão económica, desde 2008 tem sido dos mais afectados pelo credit crunch. 

Há Raposas no Parque traça um retrato que não chegou através dos jornais e dos noticiários bolsistas, focando as transformações ocorridas na vida quotidiana das pessoas - desde os imigrantes de luxo aos imigrantes ilegais, passando pelos ingleses propriamente ditos. 

A observação da cosmopolita e democrática, violenta e organizada, tolerante e excêntrica sociedade Londrina é feita a partir de três pontos de observação que vão gradualmente modificando o horizonte da realidade observada.
O café/padaria Euphorium, com os seus frequentadores habituais e o grupo de mães que, tal como a autora, se viram forçadas a desistir dos empregos para se dedicarem aos bebés; o parque de Highbury Fields, microcosmo social e ponto de encontro de vizinhos, e “a City in Crisis”, o abalado coração do mundo financeiro.

O livro foi muito bem recebido pela crítica e pelos leitores e, em Julho de 2010, nomeado para o Prémio Talento, uma distinção do MNE, na categoria de literatura.