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O primeiro livro de João do Nascimento revela, nas palavras do seu editor, ontem na apresentação da obra, uma transformação das coisas sem importância do quotidiano em algo de fantástico, uma espécie de “ternuras ínfimas”. O livro apresenta-se assim em 33 poemas numa escrita quase cinematográfica como o poema da página 69 – “da cozinha à porta-da rua vão três gravuras, três quadros/quatro gavetas de napperons/ rendas e panos-de-loiça/um amarelo dia de praia/cinco passos na carpete, vinte flores de plástico/aconchegadas de areia e toda a insistência de mim”. A repetição do vocábulo “e” numa escrita torrencial diz, da necessidade do autor em se apoderar de tudo ao mesmo tempo, numa hipérbole vertiginosa do quotidiano. Uma poesia que passa “por uma atitude quase religiosa de não querer saber mais nada além da simplicidade das coisas”.