Kalucinga

Alexandra Daniela de Victória Pereira e Lemos Simeão. Nasceu em Luanda. Em 1975, viu-se forçada a abandonar o seu país por motivos políticos. Viveu exilada durante 17 anos com os pais, em Portugal. Regressou a Angola em 1992 e, entre 1997 e 2008, desempenhou as funções de Vice-Ministra da Educação e, simultaneamente, Secretária para as Relações Internacionais, no âmbito do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional, pelo Partido Liberal Democrático. É licenciada em Estudos Artísticos (Literatura e Arte) com um Minor em História Geral. É mãe de três rapazes, Frederico, Miguel e Henrique, com quem tem aprendido inquestionáveis lições. Kalucinga é o seu primeiro atrevimento literário.

Longe dos holofotes da Baía de Luanda, da imponência da Serra da Leba ou da beleza natural de Moçâmedes, as vivências do personagem principal, de seu nome Azarado, mostram-nos uma Angola que não vem nos roteiros turísticos. Através dele, é-nos revelado o mais feio e repugnante de uma sociedade, as condições miseráveis em que vivem os seus desafortunados. Uma vida dorida, cinzenta e, tantas vezes, sangrenta. Contudo, paralelamente, assistimos a sucessivas superações de dor e de inexoráveis golpes que a vida vai infligindo a Azarado. Mas este, tal como Fénix, além de conseguir carregar fardos maiores do que o seu próprio corpo, renasce das cinzas mais forte e vigoroso do que nunca e segue em frente. Kalucinga é, pois, um hino à esperança, uma bandeira hasteada contra a não-resignação, um apelo à necessária reinvenção para superarmos as intempéries da vida.