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Mas que romance magnífico. Um virtuosismo na agitação da alma de cada um dos protagonistas, uma descrição vívida de uma pequena cidade flamenga com os seus diferentes bairros, uma visão marcante das relações humanas, e Alberte, esta heroína contra o trabalho. Pobre jovem, simples, solta num mundo de covardia e malandragem de uma família burguesa dominada com mão de ferro por um velho cervejeiro, que domina com maestria o jogo dos tolos e se delicia em manipular todos esses pequenos que só esperam uma coisa: dinheiro da herança.
Este velho, astuto e dominador, deleita-se e regozija-se em distribuir os seus favores e as suas fúrias com uma injustiça verdadeiramente divida. E, no entanto, embora reconheça Alberte, sua filha natural, como sua legatária, ele se pergunta por quê. Por que toda essa vida de luta e, como um ogro faminto, por que nem todo mundo tem essa fome. Haverá um fim, mas provavelmente não aquele que ele esperava de sua família. Que família? Sem descendentes diretos, com exceção de Alberte, alimenta-se dos desejos que cria na irmã, nos genros ou sobrinhos, e que mata com um golpe de palavras duras. Mentira que toda essa vida burguesa.
A mentira desta vida que ele impõe à filha, cuja mãe já entrou num mundo de quimeras desde que ele a deixou à margem assim que ela engravidou dele. Ele não hesita em dar algumas moedas para manter uma espécie de jogo, como um gato jogando a pata no rato já muito cansado, que não está mais brincando, mas esperando o fim. O fim chegará quando o velho decidir. Surpresa também. Conseguirá Alberte habituar-se a este novo mundo, passando do bairro das prostitutas onde a sua mãe alcoólatra a deixou para crescer, para o da burguesia e das suas histórias pouco mais apetitosas?
Peso do item: 300 g