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“A história se passa em uma realidade alternativa e narra os feitos de duas nações, Al’Istão e a U.R.E.V. (União das Repúblicas da Estrela Vermelha), quando da guerra entre elas. Engraçado a história ser lançada em 2001 (pelo menos sua primeira parte), aliás, engraçado não, histórico e com conexão inegável com o contexto político-idelógico da época, pois era justamente nesse momento em que o Afeganistão (alegoricamente representado pelo Al’Istão na trama) entrava na mira dos Estados Unidos no contexto da “Cruzada contra o Terrorismo”. Na contraparte, enfrentando a nação de Al’Istão, há a U.R.E.V., que nitidamente assume as feições soviéticas, antigo inimigo dos Estados Unidos na temida Guerra Fria. As duas nações se digladiam para firmar seus territórios e assegurar suas soberania nas fronteiras de suas nações.
A trama consegue juntar elementos tecnológicos dignos de Ficção Científica, mas guarda um pouco daquele misticismo que caracteriza várias visões estereotipadas que existem sobre a misteriosa Rússia. Dessa inusitada junção surgem feiticeiras invokadoras que servem de munição para canhões gigantescos de Fornalhas Celestiais (titânicas naves da U.R.E.V.); portais e feitiços conjurados pelo campo de batalha.
A HQ chegou a ser indicada ao Prémio Eisner, creio eu, por tocar em questões delicadas como essa, que ainda encontravam-se pujantemente recentes na época (como de certa forma ainda o estão hoje), embora use de sugestivas alegorias, mais nítidas que alegóricas, por assim dizer.
A micro-trama que engendra os feitos épicos das duas nações é a relação entre Maya e Marcus, ela uma feiticeira invokadora e ele um soldado de infantaria, ambos a serviço da U.R.E.V. Quando da batalha do Portal de Kar Dathra, a U.R.E.V. sofre uma vergonhosa derrota porque a pulverização dos soldados de Al’Istão invocou um comandante mítico deles, Kar Dathra, o Eterno, que conduz as tropas levantadas da areia a um verdadeiro massacre.
Juntando preocupações próximas e presentes no imaginário pós-11 de Setembro e dimensões do passado soviético que encampou longa e penosa batalha na Guerra Fria, Red Star consegue permanecer como uma HQ divertida, que trabalha com questões que ainda orbitam em torno das discussões atuais, mostrando como a representatividade quadrinesca guarda pontos interessantes para compreender a dinâmica das sociedades que a produziram, bem como que as questões que envolvem a União Soviética e o Terrorismo estão longe de serem um consenso.”
(Review extraído do site Skoob.)