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À medida que delegamos as nossas responsabilidades de cidadania e o nosso livre-arbítrio a máquinas e aos seus operadores indiscretos, que agem em nome da sacrossanta segurança interna; à medida que damos carta-branca aos serviços de informações para revistarem os nossos mais pequenos segredos, mantendo-nos em silêncio perante estas evoluções democraticamente inaceitáveis, o poder (político, militar, tecnológico, etc.) sobrepõe-se ao direito; a capacidade de agir, à legitimidade, e a legalidade, ao acto; a realpolitik, à justiça internacional.
Em Junho de 2013, Edward Snowden divulgava documentos secretos da NSA e revelava a dimensão sem precedentes da espionagem norte-americana. Com o auxílio do jornalista Glenn Greenwald e da documentarista Laura Poitras, a indignação mundial subia de tom, e eram cada vez mais nítidos os contornos de um mundo onde cada cidadão é espiado sem o seu conhecimento e onde a segurança nacional tem a primazia sobre as liberdades individuais. Reconstituindo o percurso de Edward Snowden e as reacções dos governos mundiais e da NSA, esta obra realça os princípios em nome dos quais o informador pôs a sua vida em perigo e demonstra que a moral e a ética são noções obsoletas na mente dos governantes. Uma obra de fôlego que ganha maior amplitude ao traçar um historial da vigilância das telecomunicações desde a Segunda Guerra Mundial, passando pela NSA e pelo programa PRISM, e ao evocar o papel ambíguo dos serviços secretos.