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No século xviii, época de descobertas científicas e de expansão dos ideais iluministas, a Inglaterra encontrava-se extremamente atrasada nos estudos da própria língua. enquanto frança, itália e alemanha já possuíam livros e instituições dedicados à filologia, autores como Daniel Defoe e Jonathan Swift eram obrigados a se virar sem um dicionário que fixasse a língua inglesa. obras como o maravilhoso A Dictionary of the English Language (1755), de Samuel Johnson, vieram suprir a falta prolongada desde os tempos de shakespeare, que no século xvi teve de escrever suas peças sem um único livro ao qual pudesse recorrer para consultar a grafia ou o significado de uma palavra.
Mas foi apenas no ano de 1857, em plena era vitoriana, que a ideia de um dicionário que abrangesse a língua inglesa como um todo, desde a preposição mais corriqueira até o substantivo mais longo e obscuro, veio à tona. partindo de alguns preceitos já usados por johnson, o new english dictionary - futuro Oxford English Dictionary - usaria citações (literárias ou não) para ilustrar o sentido, a origem e as mudanças sofridas ao longo do tempo no significado de todas as palavras anglo-saxônicas.
O uso de voluntários para empreender tamanho projeto foi uma iniciativa necessária e inovadora em sua época, e foi também o que permitiu o encontro de duas figuras fascinantes: o filólogo autodidata James Murray, irlandês de origem humilde, que dedicou quarenta anos à edição do oed , e o americano de família rica e tradicional, William Chester Minor, médico promissor e dedicado que teve de passar a maior parte da vida entre os muros de um hospital psiquiátrico e de lá foi um dos colaboradores mais profícuos e eruditos do dicionário.
Com uma prosa simples e apaixonada, de quem descobre com o leitor a profusão de histórias que existe por trás dos setenta anos da elaboração do oed , Simon Winchester mergulha na vida desses dois personagens profundamente ligados àquele que é um dos maiores e mais importantes dicionários de todos os tempos.