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Durante a primavera de 1978, o jovem Haruki Murakami, quando chegava a casa já tarde, depois de mais um dia de trabalho no seu clube de jazz, começou a sentar-se todas as noites à mesa da cozinha, a escrever. O resultado foram duas novelas marcantes - Ouve a Canção do Vento e Flíper, 1973 - que lançaram a carreira de um dos mais aclamados autores da literatura mundial contemporânea.
Estes dois pequenos romances impressivos, em tom de fábula, que por vezes roçam o surreal pelos laivos de ficção científica que os povoam, abordam o quotidiano de dois jovens - o narrador cujo nome nunca chegamos a conhecer e o seu amigo Rato -, perpassado por solidão, obsessão e erotismo. Apresentando uma galeria pela qual desfilam uma rapariga com quatro dedos na mão esquerda, um escritor inventado, o dono de um bar que ouve as confissões de todos os que nele buscam refúgio, um par de gémeas e... gatos, estes dois textos contêm o embrião de todas as características que singularizaram e atravessam todas as obras-primas de Murakami, incluindo alguns dos seus mais recentes livros.