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Os julgamentos de Haia ou como os homens banais podem ser criminosos de Guerra
Nos anos 1990, o desmembramento da Jugoslávia provocou conflitos tão cruéis e brutais que poucos julgavam voltar a ser possíveis na Europa. Voltaram a crimes de guerra, tendo as Nações Unidas deliberado constituir um tribunal penal internacional, TPI, em Haia, na Holanda. Foi para tentar compreender o que se havia passado na região em que nasceu, os Balcãs, que a aclamada romancista e jornalista croata Slavenka Drakulic acompanhou os julgamentos de alguns doas criminosos de guerra. Mas se entre eles se encontrava o antigo líder sérvio, Slobodan Milosevic, cujo julgamento também é relatado, no centro das atenções da autora estiveram as figuras obscuras, os homens comuns cujo poder não ia para além da sua aldeia ou cidade, seres como Goran Jelisic, um polícia que executou muitos dos seus prisioneiros, ou Drazen Erdemovic, que participou no massacre de sete mil muçulmanos em Srebrenica. É a trivialidade das suas vidas que torna os seus crimes tão chocantes, pois nenhum deles era soldado, polícia ou guarda prisional, todos haviam tido antes existências banais como empregados de mesa, pescadores ou motoristas de táxi.
Este livro encerra porém, apesar de todos os horrores, uma esperança: a de que a justiça dê às gerações futuras a oportunidade de escaparem à sombras do passado.