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Plano Nacional de Leitura
Livro recomendado para o Ensino Secundário como sugestão de leitura.
Com "Aparição" Vergílio Ferreira pretendeu tornar o homem visível a si mesmo. Para o autor, o que se vê melhor é aquilo que não se vê, porque « o que está mais perto dos olhos, são os olhos e aos olhos ninguém os vê».
A “Aparição”, o romance de Vergílio Ferreira, publicado em 1959, começa com um prenúncio de tragédia: Alberto Soares chega a Évora como novo professor do liceu. Um homem de luto, sombrio e descrente ainda a refazer-se da morte do pai, acaba de entrar numa cidade católica, branca e luminosa, deixando adivinhar que a sua relação com a cidade não será fácil.
Pelo caminho, vai retratar a sociedade fechada e com várias classes sociais de uma pequena cidade provinciana em plena ditadura fascista. Mas, fundamentalmente, vai colocar em causa a relação do homem consigo mesmo.
O espectro desumano da II.ª Guerra Mundial ainda estava presente em 1959, Einstein destronara algumas certezas sobre o cosmos e Nietzsche, no início do século XX, anunciara a morte de Deus.
O homem estava completamente só, sem céu, nem inferno, nem eternidade após a morte, mas em busca de sentido para a vida assim mesmo.
Vergílio Ferreira torna-se intérprete dessa interrogação existencial, subjetiva sobre a realidade a transporta-a para a “Aparição”.