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A expressão “Continente Negro” é, à partida, imediatamente associada ao continente africano. Contudo, essa expressão contém em si uma pluralidade de significados que merecia (e merece) ser estudada. Nesse intuito surgiu este trabalho que analisa os “Continentes Negros” no contexto da literatura do império britânico nos finais do século XIX, um século condimentado com novas descobertas científicas que fazem estremecer crenças e abrem portas para a inversão de valores, com o Scramble for Africa (e a percepção de que a hegemonia britânica não era intocável), e com a emancipação da mulher. Sendo a literatura o espelho do pensamento de cada época, foi premente colocar em confronto (e outras tantas vezes em complemento) a visão de dois autores coevos: um homem, Rider Haggard (mais conhecido pela obra King Solomon’s Mines), e uma mulher, Olive Schreiner, praticamente desconhecida em Portugal, mas com um papel fundamental na luta pelos direitos das mulheres e pela paz na África do Sul. Como é que um homem e uma mulher com vivências díspares, inerentes ao facto de pertencerem a sexos diferentes, mas ao mesmo tempo com uma paixão comum pelo continente africano, vêem o movimento imperialista, marcadamente masculino? Como é que eles vêem essa grande mulher que é o continente africano? É ela uma femme fatale, que seduz e leva à perdição os conquistadores, numa absoluta inversão de papéis, ou, pelo contrário, é uma mãe? Qual é a reacção à emancipação das mulheres? São também elas continentes negros? São algumas das perguntas para as quais se procurou dar resposta neste livro, tendo em conta que nada é absoluto e muito menos numa época de revoluções…