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«Bastavam duas cartas para este livro fazer sentido. A mais impressionante delas, ou pelo menos a que mais me impressionou, foi escrita por Marcello Caetano, no Rio de Janeiro, a 6 de Maio de 1979. Trata da fé e revela um Marcello Caetano em que a franqueza é o resultado de uma longa e dolorosa reflexão: “Perdi a fé e não há nada a fazer. (…) Entre as razões que me levaram a ocultar largos anos a minha crise estava o terror – digo bem: o terror – de influenciar alguém no mesmo sentido.(…)”
A outra carta é de Laureano López Rodó e foi escrita dois anos antes, a 24 de Junho de 1977. Se Marcello descria de Deus e da Igreja, Laureano desconfia dos homens – “Vejo-me lutando ‘sozinho perante o perigo’. Vamos ver se conseguimos que prevaleça a razão diante desta loucura colectiva.” – e sobretudo não confia no homem: “Ontem estive com o Rei” (…) “estamos com efeito, a resvalar por um plano inclinado que, se Deus não o remedeia, levar-nos-á ao socialismo e ao caos.”»
Helena Matos, in Prefácio