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A novela Os Desmandos de Violante é a terceira parte de uma sequência iniciada por Vasco Graça Moura em 2008, com O Pequeno-Almoço do Sargento Beauchamp, a que se seguiu, em 2010, O Mestre de Música. Este ciclo narrativo, cuja acção decorre entre 1807 e 1814, perfaz uma trilogia a que o autor resolveu dar o título genérico de O vermelho e as sombras.
Para melhor compreensão desse título do conjunto, se dirá que o «vermelho» funciona como metáfora de tempos de guerra, sangue e violência, como o foram os das Invasões Francesas em Portugal, e presta ao mesmo tempo uma homenagem que se pretende evidente e literal ao Stendhal de Le Rouge et le Noir.
Por sua vez, as «sombras» quereriam ser a sugestão quase cinematográfica do comportamento e da movimentação de algumas personagens — figuras da aristocracia, das artes (em especial da música), do clero e do povo — , que se envolvem em estranhas situações e se vão recortando contra aquele fundo de convulsão social e política rapidamente aludido.
Como se diz no subtítulo, esta é «uma novela amoral». Não relata casos edificantes, nem procura dar conta de soluções éticas ou castigos exemplares para os comportamentos e desregramentos das suas personagens, nem sempre conformes aos bons costumes.
Nas três partes que formam a trilogia, encadeia-se uma história de paixões, amores e desamores, ódios, ambições, crueldades, aventureirismos e indiferenças, que se desenvolvem em rápido ritmo narrativo, numa escrita muito pessoal e desinibida que privilegia as peripécias sucintas e as situações de desfecho inesperado.