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Em 2022 comemoram-se 55 anos da edição deste livro Ilustrado em extratexto, com fotografias a preto e branco impressas em papel couché.
O livro, com o título "El Cordobés", foi publicado em Portugal pela primeira vez em 1967 pela Editora Bertrand, quando era já top de vendas em todo o mundo.
Manuel Benítez "El Cordobés" era a lendária figura do toureio nessa década de 60 e um dos grandes mitos da sociedade a nível mundial. Privava com o Generalíssimo Franco, fora recebido por Kennedy, convidado pelos Beatles a entrar com eles num filme (recusou), tomou chá em Londres com a Rainha de Inglaterra, era capa da revista "Life" e estrela na BBC.
Quando apresentou em Sevilha em 2010 a reedição do livro, Dominique Lapierre disse que a obra que escreveu com Larry Collins era "parte do património nacional da História de Espanha", já que retrata a Espanha do pós-guerra civil até aos finais dos anos 60 através da história de sacrifício e superação partindo da miséria: a vida taurina de "El Cordobés".
El Cordobés não é apenas uma história de touros e de toureiros, de arenas e de sol, de multidões em delírio e do silêncio angustiante das colhidas.
Manuel Benitez é um símbolo. E também é um sinal. «Impulsivo, é um animal tremendo, uma prefiguração da morte». E também a imagem de generosidade dadivosa que cumpre um certo destino trágico.
O livro, que faz lembrar Dos Passos pelo virtuosismo técnico e poderia ter saído da pena de Hemingway pela amplidão do tema, vai muito além de uma gesta da coragem ou de uma reportagem do sucesso. É toda a história de Espanha, num paralelismo hábil com as pessoas, factos e oportunidades que construíram El Cordobés; a época heróica da Guerra Civil e os tempos terríveis que se lhe seguiram, o despertar do povo espanhol para a nova realidade europeia, mercê do boom turístico que modificou os hábitos de gentes secularmente enleadas numa tradição exclusivista e fechada, mas plena de virtualismos e de um colorido que fazem da Espanha uma encruzilhada de dramáticas e pitorescas paixões.
E se o ardor de Manuel Benitez, a sua maneira de renovar a lide e a sua espetacular ascensão financeira são bem reflexos dos tempos , a sua altivez perante o perigo, o seu orgulho e desprezo simultâneos de si próprio e a intensidade da sua fé no destino continuam a refletir a velha alma de Espanha.