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«Durante muito tempo, pensei que nada existia no mundo para além da tribo que, ainda criança, conhecera em Cascais. Alguns dos meus amigos tinham antepassados que provinham da aristocracia de corte, coisa que, na altura, ignorava.
Muitos teriam pais mais ricos do que os meus, mas nunca reparei em tal facto. As festas que davam eram tão comedidas quanto as suas indumentárias. A ostentação era tida como uma possidoneira de quem havia adquirido dinheiro recentemente. Só tarde percebi que o meu estatuto era o de uma híbrida social: pertencia e não pertencia ao "grupo".
Isto, que me podia ter feito sofrer, teve uma vantagem: a de poder olhar os ricos por dentro e por fora. Sem ressentimentos, nem ódios.» Depois de Os Pobres, Maria Filomena Mónica dá-nos Os Ricos, uma obra em que fala não só da origem das grandes fortunas nacionais, mas da mentalidade e dos costumes do grupo social que deu origem ao título deste livro.
Para o escrever, recorreu a memórias, diários e entrevistas. A galeria de personagens vai desde os fidalgos antigos como o 1.º duque de Palmela, o 1.º e 2.º condes de Vila Real e os 3.os condes de Rio Maior até aos capitães da indústria do séc. XX, Alfredo da Silva, Jorge de Mello, António Champalimaud, Américo Amorim e Belmiro de Azevedo, passando pelos milionários do liberalismo, Eugénio de Almeida, D.ª Antónia Ferreira, José do