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ALEXANDRA ALPHA –
José Cardoso Pires
Publicações Dom Quixote
1ª Edição – 1987
Páginas: 448
Dimensões: 210x135 mm
Peso: 457
IS 1543325890
Exemplar usado , bem conservado, tem uma assinatura na folha de guarda.
PREÇO: 10.00€
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A obra "Alexandra Alpha" (publicada em 1987) é um dos romances mais marcantes e inovadores do escritor português José Cardoso Pires (1925-1998), editado pela Publicações Dom Quixote. Considerada uma das obras-primas da literatura portuguesa contemporânea, destaca-se pela sua estrutura experimental, reflexão sobre a identidade e a linguagem, e pela forma como captura o clima político e social de Portugal nos anos 1980.
Contexto e Importância
- Publicação: 1987, numa década de transformações em Portugal (pós-Revolução de 1974, integração europeia).
- Prémios: Venceu o Prémio D. Dinis (1987) e o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores (1988).
- Inovação formal: Rompe com o realismo tradicional, aproximando-se do pós-modernismo literário, com influências de autores como Italo Calvino ou Julio Cortázar.
Enredo e Estrutura
A narrativa gira em torno de Alexandra, uma mulher misteriosa que desaparece, e do narrador, J., um homem obcecado em reconstruir a sua identidade através de fragmentos. A obra não segue uma linearidade clássica, mas desdobra-se em:
1. Documentos fictícios: Cartas, diários, recortes de jornal, bilhetes.
2. Monólogos interiores: Reflexões do narrador sobre memória, desejo e perda.
3. Jogos linguísticos: Palavras cruzadas, anagramas, listas, que simbolizam a busca por sentido.
Temas Centrais
1. Identidade e Desaparecimento:
- Alexandra é uma "figura em fuga", símbolo da impossibilidade de capturar a essência de uma pessoa.
- Questiona-se: conhecemos realmente os outros, ou projetamos neles as nossas próprias narrativas?
2. Poder da Linguagem:
- A linguagem é tanto uma ferramenta de construção quanto de dissimulação. J. tenta "decifrar" Alexandra como se fosse um enigma linguístico.
- O romance explora a relação entre palavra e realidade, mostrando como a escrita pode criar ou apagar identidades.
3. Memória e Ficção:
- A busca por Alexandra transforma-se numa metáfora sobre a reconstrução do passado, sempre subjectiva e incompleta.
4. Crítica Social:
- A história reflete a Lisboa dos anos 1980, com referências à publicidade, aos media e ao vazio das relações urbanas.
Estilo Literário
- Fragmentação: A narrativa é desmontada em pedaços, espelhando a falha da memória.
- Intertextualidade: Diálogo com mitos (como a figura de Orfeu que desce aos infernos por Eurídice) e com a cultura popular.
- Ironia e humor negro: Cardoso Pires mistura tragédia e comicidade, característica da sua escrita.
Simbolismo do Título
- "Alpha": Letra inicial do alfabeto grego, símbolo de origem, mas também de mistério (como em "caso Alpha", termo policial para investigações não resolvidas).
- "Alexandra": Nome com ressonâncias clássicas, mas também contemporâneas, sugerindo uma identidade múltipla.
Recepção e Legado
- Aclamação crítica: Considerado um ponto alto da carreira de Cardoso Pires, ao lado de "O Delfim" (1968) e "Balada da Praia dos Cães" (1982).
- Influência: Inspirou gerações de escritores portugueses na exploração de formas narrativas não convencionais.
- Traduções: Publicado em várias línguas, consolidando a projeção internacional do autor.
Citações Marcantes
- "Perdi-a três vezes: a primeira quando a encontrei, a segunda quando a procurei, a terceira quando a imaginei."
- "Alexandra é um nome que se desdobra em labirinto."
Por Que Ler "Alexandra Alpha"?
1. Experiência literária única: A fragmentação narrativa convida o leitor a participar ativamente na construção da história.
2. Reflexão filosófica: Aborda questões universais sobre amor, perda e a natureza da verdade.
3. Retrato de uma época: Captura o clima de desorientação e busca de identidade no Portugal pós-revolucionário.
Curiosidades
- Cardoso Pires foi também jornalista e argumentista, o que se reflete no uso de documentos "não literários" no romance.
- O livro foi adaptado para teatro em Portugal, destacando sua dimensão visual e plástica.
Conclusão
"Alexandra Alpha" é muito mais que um romance sobre um desaparecimento: é uma investigação sobre os limites do conhecimento humano e da linguagem. José Cardoso Pires cria uma obra que resiste a uma leitura passiva, desafiando o leitor a confrontar-se com os próprios mecanismos de interpretação. Para quem aprecia literatura que questiona forma e conteúdo, este livro é uma referência incontornável da língua portuguesa.