Danny Boy

Com apenas 19 anos Danny podia ser considerado um líder nato. Uma namorada em cada esquina, drogas sempre que queria e furtos quando o grupo se juntava. Este é o retrato de Danny MacIntyre, filho prodígio de Doncaster, no Norte de Inglaterra, um adolescente que julgava ter a melhor vida do mundo, entre crimes, abuso de drogas e álcool e promiscuidade sexual, mas que rapidamente vai perceber que, no mundo da deliquência, tão depressa se é o caçador, como a presa. Foi numa terça-feira que a vida de Danny mudou radicalmente: Teapot, um conhecido apareceu morto no canal. Danny reconheceu imediatamente, pelos requintes de malvadez e pelos sinais evidentes de prolongada tortura física que naquela sinistra morte estava a marca de Gibbsey e do seu gang satânico. E tanto a polícia como o verdadeiro criminoso gostavam de "pôr as mãos" em Danny e no seu grupo… é então que, juntamente com Dekka e Chico Latino, seus companheiros inseparáveis, Danny inicia uma desesperada viagem de fuga que os irá levar à capital e ao submundo londrino, deixando para trás Doncaster e uma namorada que acaba por cometer suicídio. Apesar da constante e ameaçadora presença do inimigo à sua porta, Danny entra em choque e evidencia sinais de redenção. A linguagem de todo o livro, num calão cru e franco, acaba por conferir uma cadência de veracidade ao enredo e à criação de um universo que, como sucedeu com «Trainspotting», nos transporta para uma outra dimensão da realidade. Nomeado e finalista do '2000 Whitbread First Novel Award', Goodwin teceu um livro estranhamente belo, metafísico, brutal e perturbador, que nos faz entrar no universo da marginalidade e do crime através da voz do herói urbano desta alegoria aos tempos modernos, em que as referências vão de Milton, passando pela Bíblia, até à tradição cinéfila de Quentin Tarantino, sem cair na afectação moralista ou estereotipada. E que nos fala também da amizade, da redenção, do crescimento e da esperança num tom intensamente emocional, quase iniciático.