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«As montanhas são sempre tristes e gélidas antes de o nascer do sol. A neve sem luz exala um desconforto frio, que dá vontade de fugir em vez de me aproximar. Foi assim que olhei, pela primeira vez, para as pirâmides sentinela dos Annapurnas, massas gigantes de neve e gelo (…)»
Maria João Ruela viaja sempre com um caderno de notas na mochila. O seu bem mais preciso. É aí que vai anotando tudo o que os olhos registam, lugares que encontra perdidos no mapa e que lhe marcam a alma, paisagens que a deixam sem fôlego, o preço de um café em determinado canto do Mundo, o nome de um vinho que acompanha uma refeição especial, as pessoas com que se cruza, as palavras trocadas. Cada uma das suas viagens, feitas sem guia, ao sabor da vontade e da curiosidade, tem personagens próprias, cheiros e sabores, sentimentos e emoções. Convidamo-lo a viajar ao longo destas páginas para conhecer Juana, uma mulher bonita e vistosa, que em Punta Arenas, Chile, aluga 12 quartos decorados em estilo art noveau e serve cafés a viajantes perdidos. Armad, o pastor que apareceu no meio dos Pirenéus, como um autêntico salvador, quando se abatia um autêntico dilúvio de proporções bíblicas. A Xana e o Nuno companheiros de viagem em autocaravana pela Noruega. Ou, Porter, um rapaz de pele escura e cabelo liso sem jeito, um aspirante a guia que, no Nepal, se tornou carregador e companheiro de esforço.