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«Discurso do Método», escrito sob a forma de autobiografia, tratado científico e filosófico, fundamenta o racionalismo moderno e a filosofia “cartesiana” na esteira de Montaigne, Bacon e Galileu. Tradução revista e notas de Pinharanda Gomes. A obra fundamental de Descartes, «Discours de la Méthode pour bien conduire sa Raison et chercher la verité dans les Sciences» é escrita à volta de 1633, com que lhe é dado introduzir a “filosofia e a ciência nova”, essencialmente racionalista e vincadamente diferenciada da escolástica, através de seis diferentes ensaios que visam a definição da verdade, a situação do pensamento e da razão na destrinça entre o verdadeiro e o falso.
Estabelece em primeiro lugar os fundamentos modernos da dúvida metódica, seguindo-se-lhe a análise e a síntese, a enumeração e a prova, após o que destrinça os valores morais e a aplicação do seu método às ciências.
O «Discurso do Método» conheceu a primeira edição em Leiden, 1637, sem ser mencionado o seu autor, e ao provocar da parte de Pascal o comentário de “Descartes, inútil e incerto”, caracteriza sem dúvida uma nova fase na história das ideias na qual se torna bem nítido o contraste entre ciência e filosofia.
Por isso, Descartes (1596-1650) pode ser considerado como o primeiro filósofo moderno, revolucionando o pensamento filosófico para além dos limites que constituem a sua própria disciplina.