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Um julgamento por heresia agravou, durante séculos, as relações entre a França e a Inglaterra. Durante muito tempo, os Ingleses ficarão como «aqueles que queimaram a Donzela».
No dia 30 de Maio de 1431, na praça do Vieux-Marché, em Ruão, Joana d’Arc é queimada viva. O tribunal, convocado pelos Ingleses e presidido por Pierre Cauchon, bispo de Beauvais, acaba de a declarar herética e relapsa.
No momento do suplício, um inglês teria gritado:
— Estamos perdidos; queimámos uma Santa.
Uma pergunta ocorre imediatamente ao espírito: porque quiseram os Ingleses, a todo o custo, fazer Joana d’Arc passar por feiticeira, por cúmplice do diabo? Eis a explicação que deste facto dá Jules Michelet, na sua «História da França»:
«Se a Donzela não tivesse sido julgada e queimada como feiticeira, se as suas vitórias não fossem atribuídas ao demónio, ficariam como milagres na opinião do povo, como obras de Deus; então, Deus estaria contra os Ingleses, eles haviam sido bem e lealmente batidos; então, a sua causa seria a do diabo.»
E Michelet acrescenta:
«Segundo a ideologia da época, não existiu um justo meio termo.»
Tudo será então urdido de modo a derrubar Joana d’Arc, de modo a perdê-la no decurso daquele invulgar julgamento. Para os sábios teólogos do tribunal, as vozes que, ao que parece, eram ouvidas por Joana d’Arc e a sua maneira varonil de vestir serão argumentos a utilizar contra ela.
Vinte e cinco anos mais tarde, Joana d’Arc será reabilitada num segundo julgamento; mas será preciso esperar cinco séculos antes que a Igreja se decida a beatificar e a canonizar aquela que, desde a sua partida de Domrémy, tinha entrado na lenda.
Da Introdução.
Páginas: 322.