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O Caso Yourcenar
Subitamente, em frente a uma encantadora casa branca com o guarda-vento parcialmente ornamentado com uma vigorosa glicínia, a cadela deteve-se completamente perante as palavras «Petite Plaisance», cujas voltas em ferro forjado se destacavam em negro sobre o verde do relvado. Surpreendido, o capitão Bradford afrouxou a pressão dos seus dedos na trela. Um segundo mais tarde a sua mão apenas agarrava o vazio, e estava a voar ao vento como um inútil lenço agarrado ao pescoço do animal transformado em bólide. — Valentine... Peguem-na... vem cá...
(...) Com uma má vontade pouco característica, a cadela ignorou o chamamento. Plantou-se em frente à silhueta imóvel, que parecia adormecida num banco semicircular aninhado aos pés de um jovem carvalho, entre uma confusão de buganvílias e um maciço de rododendros, ergueu o focinho para o céu e reencontrou, escondido sob gerações de adestramento, o ancestral uivo da morte. Ele não acordou, o cadáver que ela acabava de descobrir e a quem o dono começava a oferecer, de longe, com uma voz cortada pela precipitação, fragmentárias e bem inúteis desculpas.