Recordações da Casa dos Mortos

Recordações da Casa dos Mortos, de Fédor Dostoievski. Coleção Livros de Bolso Europa-América n. 39.

Fédor Mikhailovitch Dostoievski nasceu em 1821, em Moscovo. Após a morte da mãe, o pai, que viriu a ser assassinado em 1839, matricula o na escola militar de engenharia de Sampetesburgo. Mas o jovem Dostoievski sente-se atraído pela literatura. Em 1840 abandona o exército e, pobre e solitário,
passa a viver à custa de traduções. Em 1846 estreia-se com o romance Gente Pobre, entusiàsticamente acolhido pela crítica. Decepcionado, porém, com o insucesso de algumas das obras seguintes, associa-se a um grupo de activistas liberais, o que o leva à prisão em 1849. Condenado à morte, a pena é-lhe comutada, momentos antes da execução,
em quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria. A deportação marcou-o, como um baptismo de fogo, na carne e no espírito, metamorfoseou-o interiormente, para, no dizer de Pierre Pascal, nos dar o verdadeiro Dostoievski, o futuro Dostoievski de Recordações da Casa dos Mortos, Humilhados e Ofendidos, Crime e Castigo.
Os Possessos. Os Irmãos Karamazov, obras que marcam pontos culminantes na história da literatura russa e universal.
O romancista, atormentado pela epilepsia, morre em 1881, quando a sua fama eclipsava a de Turgueniev e a do próprio Tolstoi.
No conjunto da obra de Dostoievski, caracterizada por um invulgar poder de análise psicológica, por um profundo misticismo,
pela luta contra os fantasmas da consciência, pela busca de um fundamento ontológico do Ser, Recordações da Casa dos Mortos distingue se como aquela que mais directamente nasceu da sua experiência de deportado. E, como escreveu Gilbert Sigaux, o testemunho de um Dante que regressou do Inferno e, também, uma dramática denúncia da própria condição humana.