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Edição Contexto de 1989
Tradução de Manuel João Gomes
THOMAS DE QUINCEY tentou, e muitas vezes conseguiu, uma prosa tão poética como o verso. As Confissões de um Opiómano Inglês (traduzidas parcialmente para francês por Charles Baudelaire) são a sua obra máxima; referem as vicissitudes das suas investigações, visões e pesadelos.
Procurou um prazer intelectual no ópio, o qual lhe aumentava a sensibilidade à música e permitia entender, ou acreditar que entendia, as mais obscuras páginas de Kant.
Chegou a tomar de oito a doze mil gotas diárias. À medida que os anos foram passando, ficou oprimido por tais pesadelos: o espaço dilatava-se de um modo que a visão humana não pode atingir, cada noite demorava séculos e ele acordava extenuado. Perseguiam-no visões do oriente; no sonho julgava-se o ídolo e a pirâmide. Os seus parágra- fos, delicados e intrincados, abrem como catedrais de música.
Baixo, frágil e singularmente cortês, a sua imagem perdura na memória dos homens como a de uma personagem de ficção, não da realidade.
Jorge Luis Borges
in Introdução à Literatura Inglesa