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Desejo faz parte de um ciclo de peças pessoal onde o autor reflecte sobre o amor-paixão, a felicidade absoluta inalcançável e o sentido da existência - produz-se uma renovação formal, técnica e estilística. A peça, com influências de Samuel Beckett, T. Berhard, Harold Pinter e Sergi Belbel, decorre num mundo cheio de carros, estradas e segundas residências, mas impreciso quanto a espaço e tempo. Neste cenário, quatro personagens, quase abstractas, mostram as suas dificuldades para comunicar entre si e assumir as suas intimidades perturbadas.
E.R.: A peça pode ser lida como uma parábola sobre o mundo do teatro. Que sentido tem representar? Fazer coisas. E haverá alguém que se lembre, daqui a uns anos, dessas coisas? Outra vez o eterno problema da perdurabilidade. Empar Ribera tenta perpetuar-se na juventude das suas alunas, Glòria, Assumpta e Maria. E parece que o consegue, ainda que seja apenas pelo facto de lhes ter imposto a sua memória. E é pelo mesmo motivo, pelo valor das recordações, que, apesar da rivalidade, as três actrizes de E.R. reconhecem a sua dependência mútua.
O quarto do miúdo: Estamos perante um casal ainda jovem, talvez bem situado no campo profissional, que vive numa casa confortável e que tem um filho de poucos anos. O acidente do filho, uma circunstância infeliz, esmagadora na sua terrível simplicidade, dissolverá de uma só vez a felicidade familiar. Mas não é certo se a criança está viva ou não, e instala-se uma incompreensão radical entre o homem e a mulher: parecem viver em universos paralelos. E em cada um deles, a conclusão lógica será que a pessoa que amam enlouqueceu. E o miúdo?
Precisamente hoje: "Quis contar uma história de amor. O triângulo clássico: dois homens e uma mulher. Um começo banal e um desenvolvimento que ia tornando as relações mais estranhas, insinuando facetas inesperadas, mostrando mudanças de poder até que, no final do jogo que estavam a jogar, as três personagens sairiam a perder. Como autor, sei quem é a personagem chamado "Ele", mas não sei como era no passado a personagem chamada "Ela" e não faço ideia do que pretende a personagem chamada "Senhor". Acho que não podemos sabê-lo. Saber de certeza quem sou eu e quem são os outros parece-me impossível. É um pequena peça de sentimentos. Os sentimentos são um luxo de pessoas que podem desperdiçar o seu tempo." - Josep M. Benet i Jornet