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Haworth nasceu num caminho de vento, indefeso contra os humores do "Mar do Norte. Ao seu presbitério, com dois pisos de arquitectura indiligente e chapéu de ardósia que incitam a todas as austeridades, não bastariam colinas e vales a perder de vista, a consentirem uma urze agitada pelo sopro de todo o ano e a fazerem da árvore uma raridade: forçou-se ao cemitério para onde abrem as suas janelas e que vem encostar-se à casa; à igreja de pedra escura logo ali, com a sua torre gótica. É o cenário para os irmãos Brontë. Ao princípio seis, antes de Marie e Elizabeth morrerem com a devastação de uma tísica muito auxiliada por aquele mal-estar atmosférico e pelas refeições de um colégio na Cowan Bridge, com ementas que muito raramente ultrapassam as batatas e as papas de aveia. Charlotte e Emily resistem mais, mas em 1825 já estão em casa, debilitadas, a formarem com Anne e Patrick Branwell o quarteto confiado à tia seca, fria, cheiradora de rapé, que desde a morte da mãe gere com mão sovina os destinos domésticos do presbitério.O pai pastor prega, reza, reina no andar de cima; e quando os filhos se perdem a sonhar entre urzes, vai à janela e dá um tiro de pistola para os trazer à mesa da refeição. O contra-vento de Dearden foi inútil perante a altivez solitária desta criação. E Emily, a transtornada, continua inexplicável autora de Wuthering Heights no meio destas irmãs visitadas por deuses, entre colinas indiferentes à pregação anglicana, soletrada da Bíblia, num presbitério do Yorkshire.