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Questão prévia: a Técnica não é neutra. Ela é mesmo a mais forte dimensão do poder no mundo actual, poder que congrega, totalmente imbricados, o Estado e as corporações empresariais. O desenvolvimento das novas tecnologias é um eufemístico heterónimo do capitalismo. E o presente fascínio com estas coisas é a forma contemporânea de uma interiorização mais densa e problemática das relações mercantilistas. Este número procura contribuir para tornar mais compreensível a relação profundamente contraditória entre o desenvolvimento demencial da tecnociência e a resistência inquebrantável dos povos indígenas aos ditames da cultura dominante, resistência esta cujas ramificações têm tudo a ver com a nossa própria condição de matéria-prima humana.
Os trabalhos de colaboradores portugueses e internacionais detêm-se em diversos aspectos deste relacionamento discrepante, de que estão a surgir, em variados pontos do mundo, novas expressões da luta contra a domesticação dos indivíduos. De realçar, neste número, uma maior participação de colaboradores brasileiros, em texto e imagem, bem como de autores do Quebeque.
Os trabalhos publicados incluem ensaio, literatura e poesia, e a revista atribui muita importância à fotografia, ao desenho e à pintura.
Agustín García Calvo | Ailton Krenak | Álvaro Fonseca | Ana Cardoso Pires | Ana Marques | Ana Tomás | Anselm Jappe | António Cândido Franco | Daniel Munduruku | David Watson | Debra Harris | Dilar Dirik | Eduardo Viveiros de Castro | Fernando Gonçalves | Eliane Potiguara | Emanuel Cameira | Felipe Milanez | Georges Lapierre | Grupo Oblomoff | Henry David Thoreau | Jesús Sepúlveda | Joëlle Ghazarian | Jorge Leandro Rosa | Júlio Henriques | Macedonio Fernández | Maria de Magalhães Ramalho | Paulo Barreiros | Paulo Ramalho | Pedro Fidalgo | Pedro Garcia Olivo | Phil Mailer | Quim Sirera