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A Máscara da Anarquia, poema escrito por ocasião do massacre de Manchester, poema de circunstância, se acaso o for, uma vez que Shelley o redigiu na urgência e na indignação, em 1819, quando lhe chegou a notícia da repressão sangrenta de uma manifestação operária, como é possível ainda hoje ficarmos apanhados por ele? Como é possível que esta visão poética torne ainda mais aguerrido o nosso olhar e o abra mais quando o pomos sobre a realidade do nosso tempo?
Em Defesa da Poesia Shelley dá-nos uma das chaves desta actualidade inalterável: «Os poetas são os hierofantes de uma inspiração instintiva; os espelhos das sombras gigantescas que o futuro lança sobre o presente; as trombetas que anunciam a batalha e que não sentem o que inspiram; a influência que não é comovida, mas que comove. Os poetas são os legisladores não reconhecidos do mundo.»
Assim, A Máscara da Anarquia, bem como os poemas que o acompanham nesta recolha, todos marcados no seu fôlego poderoso pela ascensão do movimento operário revolucionário, não podem deixar de nos tocar na carne, ali onde estivermos e no ponto em que estamos.