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Edição Livros do Brasil de 1988
Tradução de João Palma-Ferreira
O Buscão (“El Buscón”), único romance de Quevedo, pertence ao género picaresco, o género espanhol por excelência. Nesta obra, o pícaro, filho de um ladrão e uma bruxa, narra a sua vida na primeira pessoa desde o seu nascimento em Segóvia até às suas aventuras como escudeiro de um filho da nobreza, como andarilho e como membro de uma confraria de rufiões.
A forte crítica social que aparece em outros romances picarescos como “Lazarillo” ou “Guzmán de Alfarache” não aparece nesta obra. É, acima de tudo, uma demonstração da habitual sagacidade e graça verbal de Francisco de Quevedo. Nela aparecem inúmeros traços conceituais, especialmente comparações e hipérboles.
O livro foi publicado pela primeira vez em 1626, ainda que tenha circulado em cópias manuscritas anteriormente, algumas das quais ainda conservadas hoje em dia. Quevedo nunca reconheceu ter escrito El Buscón, provavelmente para se esquivar de problemas com a Inquisição, e o seu silêncio sobre esta obra, apesar de sua autoria ser inquestionável, aumenta os problemas da datação de sua composição. Propõe-se datas que vão de 1604 a 1620, e um processo de reelaboração posterior em que Quevedo teria trabalhado até 1640.