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Edição Cavalo de Ferro de 2015
Tradução de João Cruz e Mário Cruz
Os Peixes Também Sabem Cantar, escrito depois de Gente Independente, é um dos livros mais marcantes da obra de Laxness. Um romance mágico e comovente sobre a passagem da infância para a vida adulta numa Islândia em pleno século XIX que vai deixando para trás a sua misteriosa e ancestral sociedade e, timidamente, enfrenta o progresso e o desencanto da modernidade.
Publicado em 1957, dois anos após Halldór Laxness receber o Nobel da Literatura, Os Peixes Também Sabem Cantar conduz o leitor até as paisagens islandesas e aos pequenos detalhes da vida quotidiana nas ruas de Reykjavík no início do século XX.
Acompanhamos a vida de Álfgrímur, um órfão criado pelos avós adoptivos num casebre humilde nos arredores da então futura capital da Islândia. A sua narrativa sinuosa apoia-se na memória colectiva, nos mitos e nos valores compartilhados para descrever a construção de identidade, tanto individual como nacional.
A obra é, ao mesmo tempo, um romance de formação do jovem Álfgrímur e da nação islandesa. De um lado temos uma sociedade em transição na pequena ilha do Atlântico Norte que à época oscilava entre as amarras coloniais e a busca por autenticidade; do outro, um protagonista moldado pela sabedoria tradicional islandesa, mas que se vê atraído pelo brilho ilusório da fama representada por Garðar Hólm, um cantor lírico de fama internacional.
A sua jornada reflecte a busca por equilíbrio entre passado e futuro, entre autenticidade e validação externa, e entre tradição e modernidade, os mesmos dilemas enfrentados pela nação islandesa de então. Com o seu lirismo e a sua narrativa envolvente, Laxness leva-nos numa viagem por épocas e culturas distintas. Apesar das distâncias — temporal, geográfica, cultural —, o tema da busca por identidade abre espaço para sentimentos de pertença e saudade, o que traz universalidade à obra e a aproxima do leitor.