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Edição Orfeu Negro/Midas Filmes de 2012
Vendo No Quarto da Vanda tal como é agora, com a forma que o filme tem, creio que não pode vir senão de um cansaço e de um desgosto. Vem dos anos anteriores ao cinema, de outra coisa que não o cinema. Não vem da infância mas seguramente do princípio da adolescência, ou seja do quarto. É banal, poeticamente banal; todos os adolescentes compreendem este desejo de estar fechado, de ruminar os pensamentos, de não falar, de sonhar, tomar drogas. A poesia, Pessoa, Rimbaud, o rock, as cumplicidades, sonhos de mudar as coisas ou de não mudar absolutamente nada. De tudo o que faz um quarto de adolescente.
Também podemos fazer filmes assim: indo filmar todos os dias como se fôssemos pedir esmola, sem saber o que nos vai ser dado dinheiro, um melro dourado, um ramo de flores, uma colher de prata.
Pedro Costa