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Edição Biblioteca de Editores Independentes de 2008
Viragem é um romance de Castro Soromenho, publicado em 1957, que marca uma mudança temática na obra do autor, afastando-se parcialmente do registo mais abertamente documental dos seus livros anteriores para construir uma narrativa onde o conflito psicológico ganha maior relevo.
A obra acompanha um funcionário colonial português em Angola, cuja existência aparentemente estável entra em ruptura quando regressa ao interior do território depois de anos na cidade. O reencontro com paisagens, pessoas e tensões sociais que julgava conhecer precipita uma profunda crise de consciência. Confrontado com a dureza das relações coloniais, com a própria incapacidade de adaptação e com o vazio moral da sua vida, é forçado a um processo de auto-questionamento que expõe o desgaste da presença portuguesa e a fratura entre colonizadores e colonizados.
Sem recorrer a grandes eventos ou intrigas complexas, Soromenho constrói a narrativa através de observações rigorosas do meio social angolano da época, explorando temas como a solidão do europeu no ultramar, a violência estrutural do colonialismo e a perda de sentido numa sociedade marcada pela desigualdade. A “viragem” do título refere-se, simultaneamente, ao ponto de rutura do protagonista e ao momento de inflexão histórica que a obra simbolicamente antecipa.