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O que penso ser hoje.O que não fui ontem. O que não serei amanhã.Caminho direito, sozinho, de cabeça erguida, mas escondo-me nas rugas da minha liberdade. Não peço, não dou, sou. Pedaço de mim que, na inteireza de amar, tropeça em desamores. Meus. Dos outros.
Construtor de propósitos feitos em recados de nada que o olhar da minha avó reprovaria. Construtor de sílabas que alguns somam em palavras que depois se declinam em versos. Lúcido na aceitação do efémero que dá sentido mesmo quando ao lado gritam que não. Solitariamente solidário e solidariamente solitário. Crente em janelas que deixam entrar azul. Sofredor do frio da alma. Amigo dos olhares sem nuvens. Almocreve de ideias que os prepotentes não querem ouvir. Impenitente sombra de mim. Talvez seja, hoje, um pouco de tudo isto. Não sei. Sei que sou infinitamente mais do que sou. Até ao limite sublime do nada. Só a pedra lisa espelha o sol. Só nela vejo os meus olhos míopes. Só com ela está a terra dos gerânios, das estevas e dos cardos. E ao fundo a montanha.