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Profundamente corajoso, por vezes chocante, mas sempre buscando a verdade, um livro que não deixará o país indiferente.
A vida adulta coloca uma infinidade de desafios, para os quais a infância e a juventude nem sempre preparam. No Portugal oprimido e triste de meados do século XX, poucas famílias davam aos filhos a atenção e o carinho que hoje parecem elementares, e quase nunca a sociedade dava margem para que homens e, sobretudo, mulheres fossem mais do que - triste e opressivamente - era suposto serem.
Todos estes aspetos ficam bem evidentes neste livro, o segundo de uma trilogia autobiográfica que Luísa Castel-Branco dedica à infância e às memórias, ao amor e aos filhos, ao envelhecimento e à morte. Partindo da relação que teve com os próprios pais e dando conta de como era o país, a autora explica-se a si própria, compreende e ajuda a perceber as opções que tomou, tanto a nível pessoal como profissional e familiar. E não receia abordar questões profundas e difíceis, com as quais, por certo, muitos leitores se identificarão. Assuntos que toda a vida ocultou e que devem ser matéria de debate numa sociedade que se quer, se não evoluída, pelo menos civilizada, tais como os maus-tratos psicológicos na infância, a traição e a mentira, e os abusos sexuais sobre menores.